Mudanças e o impacto nas doenças autoimunes

    Para os doentes autoimunes, as mudanças representam sempre momentos críticos nas doenças, dependendo de como reage o organismo de cada um. Hoje, vou falar-vos da minha experiência com as mudanças. Isto não quer dizer que todos reagem da mesma maneira! Eu reagi desta forma.


    Nos últimos anos, realizei vários sonhos/objetivos que tinha e tudo isso implicou mudanças. Primeiro, os caminhos de Santiago, que já fiz por duas vezes, e que implicaram colocar dentro de uma mochila os SOS necessários para as possíveis crises que poderiam surgir. Felizmente tudo correu bem e não senti assim grande impacto em termos de crises.

    Depois, o mês de Agosto de 2012 e 2014 em São Tomé, no voluntariado missionário. Aí já era mais complicado. Ia para África, durante 1 mês, com comidas diferentes da nossa, com piores condições de higiene e vida. O que mais senti foram as crises devido ao picante da comida que, felizmente, foi diminuindo bruscamente ao longo do tempo. Realmente, Crohn e picantes não conjugam. Em termos da artrite, confesso que me senti muito bem. O clima ajudava os ossos e eu sentia-me mesmo bem.


    Também resolvi fazer o meu mestrado em Madrid. Uma cidade diferente, comida diferente, viajar sozinha, desenrascar-me sozinha numa cidade que não conhecia bem. Nalguns dos fins de semana de aulas o que mais sentia era aquela má disposição inicial, uns ligeiros enjoos, mas nada que não se resolvesse.

    O período em que mais senti o impacto das mudanças foi mesmo os 8 meses que vivi noutra cidade, a 300km que casa. Aí sim, percebi que não era por aí o meu caminho, porque as doenças descontrolaram completamente. Mudar de cidade, de casa, de trabalho. Foram muitas mudanças ao mesmo tempo e em 8 meses tive 3 crises de artrite e uma prolongada de Crohn. Para quem tinha tudo controlado à anos, ter assim estas crises em tão pouco tempo não faz sentido. Então, resolvi voltar a casa e estabilizar de novo.

    O meu organismo não se deu bem com tanta mudança junta. Talvez outra pessoa reagisse completamente bem. Eu pensei que o faria, mas a verdade é que se o nosso corpo nos dá sinais de que algo não está bem, devemos perceber o que se passa e voltar a estabilizar.

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