Crohn e Artrite: com vida ou sem vida?

    Há umas semanas atrás, a SIC transmitiu uma reportagem sobre a Doença de Crohn, com o intuito de alertar para a doença e cativar pessoas para assinar a petição online. Após ver a reportagem, senti que tinha de escrever este texto.

    A reportagem está bem feita no sentido de alertar para os nossos sintomas, para os nossos momentos de crises e para as fases piores da doença. Contudo, a reportagem só mostrou um lado. O lado que, qualquer um que tenha a doença, que acabe de ser diagnosticado ou um simples cidadão que veja a reportagem fica chocado, deprimido e sem confiança. Quem é que nos dá trabalho depois de uma reportagem assim? Quem é que enfrenta a doença com garra e alegria depois da reportagem? Deu muito a imagem dos coitadinhos. E nós não somos coitadinhos!

    Sim, as nossas crises são horríveis! Temos dores horríveis e hemorragias. Temos noites mal dormidas e dias em que não queremos sair de casa. Mas porra, e o outro lado? Sim, então e o lado em que temos vida? O lado em que se, fazendo a medicação, tendo os cuidados normais e controlando o sistema nervoso conseguimos ter vida?

    Desde os meus 6 anos que vivo com esta doença e desde os 16 que vivo com esta e com a Artrite que trouxe associada. Nunca deixei de fazer a minha vida por causa das doenças. Sim, tive e tenho crises, mas eu sou muito mais do que as doenças. Eu sou eu, com sonhos, objetivos e vida. Eu saio com os amigos e família, eu parto em aventuras, eu trabalho. Mesmo nos dias de crises, eu vivo a vida! Sim, basta andar mais nervosa para isto descontrolar um pouco, mas porra eu tenho vida! Eu sou feliz, mesmo com estas duas doenças. 

    Por isso, pessoal com doença de Crohn, Artrite e outras doenças autoimunes. A vida é possível! Basta agarrarmos-nos ao que nos dê esperança. No meu caso, eu sempre me agarrei à fé, à família e aos amigos. E tenho orgulho em tudo o que consegui! Procurem aquilo que vos faz ter esperança e acreditem em vocês. Podemos ter momentos baixos, mas força a reerguerem-se! Nós não somos a doença! Nós, somos nós! A doença é apenas um bónus.