Integração

    Um destes dias, em conversa sobre a crise dos refugiados que vivemos nos nossos dias, ouvi alguém dizer que integração é colocar os refugiados num campo quadrado, protegido com arame farpado, para que seja possível fazer um controlo sobre quais os refugiados que são de confiança. Penso que bloqueei logo na parte do "campo quadrado".

    Estas pessoas arriscam a sua vida todos os dias para serem colocadas num campo quadrado? Então e porque é que têm de ir para um campo e não podem ir para a cidade? A cidade até tem casas, tem locais de trabalho, tem pessoas com quem podem conviver. Mas, realmente, um campo é melhor. Como não tem edifícios, há mais espaço para os colocar. E é melhor que o campo então seja quadrado, porque um campo redondo ou sem forma ia dificultar a contagem dos refugiados. E sendo quadrado é mais fácil para colocar o arame farpado. 

    Não! Nada disso faz sentido! Como é que podemos falar em integração quando dizemos que temos de colocar estas pessoas num campo isolado, com arame farpado? Porque sim, os refugiados são pessoas. Tem cabeça, tronco, membros, cor de pele; respiram, têm sentimentos, têm família! Que eu saiba, ninguém gostaria de ser obrigado a sair do seu país, passar as mais duras provas de sobrevivência, para chegar a terra firme e ser tratado como um número. Num mundo onde só os números é que contam, queremos mesmo alimentar a ideia?

    Na minha opinião, a Europa não quer integrar, porque integrar significa aprender a viver com a diferença. Significa aprender a viver com várias raças, vários tons de pele, vários idiomas, várias religiões. Significa abraçar o desconhecido, tratá-lo com respeito, mesmo não sabendo nada sobre ele. Significa tratar o desconhecido pelo nome. Significa perguntar "Como te chamas?" e não "Que número és?" Integrar significa educar para os valores e reavivá-los. Significa praticar o maior valor de Deus: o amor. Porque quando dás amor, recebes amor. 

    Por isso, nunca te esqueças, trata as pessoas como gostarias de ser tratado e coloca-te no seu lugar, porque nunca sabes se um dia serás tu a precisar deles ou, ainda mais grave, nunca sabes se é a tua família que estás a julgar.


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