Dia 12 - A certeza do «SIM» (JMJ Cracóvia 2016 - 31/07/2016)

        É incrível despertar no campus, com quase dois milhões de jovens, sentir-mo-nos em casa e ver o sol nascer ali mesmo, sem filtros, embrulhados nos sacos cama e com um sorriso de orelha a orelha.
Poderíamos estar em qualquer outro lugar do mundo, mas era ali que queríamos estar. Ali era o nosso lugar! E essa certeza aumentou quando o Papa Francisco percorreu os setores do campus, no Papa móvel. Ver o Santo Padre, o homem que representa Deus na terra, o pai que nos aconselha, o amigo que nunca nos abandona, ali, a escassos metros de nós, é indescritível. São anos de luta, trabalho e sonhos para o conseguir, e tudo se tornou realidade.
    Primeiro, sentimos que temos o mundo nas mãos e que "esta é a juventude do Papa" ou "Papa Francisco" é insuficiente para descrever o que sentimos, tal é a alegria que nos vai na alma. Depois invadem o nosso pensamento todos aqueles que amamos e que não puderam estar ali connosco: pais, irmãos, amigos, avós, tios,... Trazemos-los para junto de nós, no coração, para viverem aquele momento connosco. E, por fim, esquecemos tudo o resto, e as lágrimas escorrem pela face, porque não cabe em nós tanta alegria. É o momento onde percebemos que tudo é possível! Onde descobrimos que por mais pesada que seja a cruz que carregamos, por mais momentos em que sintamos que não somos capazes, por mais medos que existam, a nossa força é do tamanho da nossa fé. Estamos ali, juntos, em família! Superámos desafios, fomos abalados, duvidámos, reerguemos-nos, ganhámos forças, aumentámos a nossa fé e vencemos!






    Neste momento, ao olhar em redor, enchemos-nos de orgulho. Vemos as pessoas abraçadas umas às outras; pessoas a chorar, pessoas com um brilho no olhar, pessoas com um sorriso de orelha a orelha. Vemos uma Igreja jovem, esperançosa, com poder para fazer a diferença. Vemos milhões de jovens de mãos dadas, de raças, cores, idiomas, idades diferentes. Unidos, a criar laços, a criar pontes, a criar família: família de Deus. Vemos Deus entre nós, claro e forte. E aí somos "zaqueados" pelo Papa Francisco.
    Percebes que aquele homem pequenino de que ouvimos falar na Bíblia é cada um de nós, que temos e tivemos de superar desafios para nos encontrarmos com Deus. A baixa estatura de Zaqueu simboliza o risco que corremos de ficar à distância de Jesus por não nos sentirmos à altura, porque não acreditamos em nós nem no tamanho da nossa fé. A vergonha que o paralisava representa as vezes em que nos apaixonamos por Jesus e, por mais vontade que tenhamos de fazer as coisas da maneira que nunca as fizemos, temos vergonha por poderem ser ridículas aos olhos dos outros. E o último obstáculo de Zaqueu é a multidão murmuradora, que bloqueia e critica. Representa todos os obstáculos que enfrentamos no dia a dia para seguir Jesus. Todas as críticas de que somos alvo e que nos paralisam. Mas o Papa fez-nos perceber que temos de agir como Zaqueu. Temos de acreditar em nós, naquilo que somos, no nosso valor e na força da nossa fé, pois Deus ama-nos tal como somos e escolheu cada um de nós para o seguirmos. Temos de ser corajosos e agir com o coração, porque tudo o que é feito com amor não é ridículo. Temos de ir à luta, de correr e subir as árvores da vida para o encontrarmos. Descruzar os braços e assumir convictamente a nossa fé, com “todo o entusiasmo do coração”. E, por fim, sermos mais fortes que o mal, amando toda e qualquer pessoa, incluindo os nossos inimigos. Temos de ser sonhadores, de acreditar numa humanidade nova, sem fronteiras, sem ódios, sem guerras. Temos de colocar um sorriso na cara, abrir os braços e pregar a esperança.



    De realçar a entrega de cada um a ajudar aqueles que iam cedendo ao calor. Claramente, víamos o serviço ao próximo!
    Confesso também que o regresso a "casa" nesse dia foi muito difícil! Sem dúvida que teve muita mão de Deus. 10 horas para chegar à escola! 10!!! Entre chuva torrencial, quilómetros a pé, elétricos que não paravam, elétricos a abarrotar de gente, comboios suprimidos e ausência de informações, etc. 
    E, no meio de tudo isto (e de inúmeros Pai-Nossos e Avé Marias rezados), conseguimos conviver, criar laços, partilhar vidas e sentimentos e chegar a "tempo" para um duche de trinta segundos, fechar as malas, despedir de pessoas importantes e apanhar o autocarro que nos levaria ao Aeroporto de Varsóvia.

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