Casa Claret 2014 - 16 de Agosto de 2014

   Hoje escrevo sentada num coqueiro em plena praia do Inhame, no sul de STP. Pela frente tenho o oceano, calmo e sereno, um azul límpido e quente. No horizonte o ilhéu das Rolas, zona turística do país. Cá estamos a aguardar a chegada da lancha que nos vai levar até ao ilhéu. Enquanto os três rapazes aventureiros mergulham no mar, nós preferimos apreciar a beleza natural da ilha e refletir sobre a vida e a missão.
    A viagem até cá é lindíssima! A zona sul é menos habitada, pelo que se vê tudo mais verde e intacto, tal como Deus criou. Como sempre, viajo na caixa aberta da nossa Toyota. Entre partilhas, brincadeiras e música, o tempo passou a correr. Passaram dois anos, mas há coisas que se mantêm intactas, tal como as retive na memória. É bom voltar e rever aquilo que tantas saudades deixou. Lembro-me de dizerem que não somos felizes duas vezes no mesmo sítio. Obrigada meu Deus por me ajudares a contrariar isto. Eu estou muito feliz em STP!
    Ser voluntária é o que me realiza e espero um dia voltar a viver a experiência com namorado/marido e, depois, com filhos. É algo que pretendo incutir na família que construir: que o dar-se é mais importante que o dar. Tudo através do meu exemplo de vida e fé, para que possam perceber porque é que sou tão feliz aqui e assim!
(...)
    Neste preciso momento, estou sentada no marco do equador, em São Tomé e Príncipe. Pólo Norte? Pólo Sul? Europa? África? América? Ásia? Ou Oceania? Tanto por onde escolher...agora posso dizer que já estive no centro do mundo. Cá em cima, após uma caminhada pelo monte, a vista é incrível! Mar azul e sereno à frente dos olhos, São Tomé do outro lado, árvores verdes lindíssimas e uma cama que nos invade. Já estive nos dois hemisférios e nos quatro cantos do mundo.
(...)
    A viagem até ao ilhéu e, depois, de volta à ilha, foi bastante atribulada. Uma lancha. treze pessoas. Bastante ondulação. Problemas na direção. Basicamente, viajar ao sabor das ondas! Lá enfrentei o meu medo sem enjoar e a tentar aproveitar ao máximo o momento.
    Foi, sem dúvida, um momento e um dia muito bom. Quanto ao resto do dia de ontem, digamos que as saudades e o significado do dia falaram por mim. Precisei do meu momento a sós, a falar com as estrelas, porque sentia falta de quem já partiu. Falta das conversas, das brincadeiras, dos sorrisos e abraços, do cheiro, do colo, mas principalmente de saber que eles estavam sempre lá quando abria os olhos. Aí emocionei-me sozinha e, após uns minutos perdida nas lágrimas a olhar para o imenso céu estrelado, lá me recompus. Contudo, na oração mariana que eu e a Bárbara preparamos, lá me emocionei de novo.
    Quando estamos em missão, fora da nossa zona de conforto, há momentos altos e muitos bons, mas também há momentos em que vamos abaixo, revelando a nossa fragilidade escondida pela fortaleza. É perfeitamente normal que isso aconteça e ajuda a reestabelecer as forças para o resto da missão.
    Nestas alturas, lá vamos nós ter com as pessoas com quem temos mais afinidade para dar beijinhos de boa noite, ou vêm elas ter connosco. (Hoje também recebemos a visita da net e deu para matar saudades da família. eheh )



Comentários