Ser voluntário

    Num momento em que o mundo vive mergulhado na escuridão, entre crises, pobreza, fome, guerras, vírus, mortes e ódio, alegro-me de fazer parte do grupo daqueles que ainda acreditam num mundo melhor: os voluntários.

    Pela segunda vez no espaço de dois anos, abracei o projeto Casa Claret - Voluntariado Missionário, e fiz de São Tomé e Príncipe (STP) a minha casa durante o mês de Agosto. Muitos foram os passos dados cá (e muitos são aqueles que faltam dar) antes de embarcar na aventura de ser voluntária missionária em África.
    Desde pequenina que olhava para a televisão e jornais e dizia para mim e para os outros: "Um dia, vou até lá e vou ajudar aqueles meninos que têm tanta fome!" Fui crescendo e a vontade de dar o salto até lá aumentava comigo. Depois de fazer do voluntariado uma peça importante e grande do puzzle da minha vida, entre atividades de voluntariado nacional, semanas ao serviço dos outros, visitas aos sem-abrigo e visitas aos idosos, a proposta chegou: partir, durante um mês, para STP, em voluntariado missionário. Aceitei sem olhar para trás e foi aí, naquele país que tanto me preenche e faz feliz, que percebi o que é realmente ser voluntário.
    Ser voluntário é sair da nossa zona de conforto e deixar tudo para trás: família, amigos, namorados, bens-materiais e partir rumo ao desconhecido. É ir (cá ou lá) sem receios do que possa surgir ou acontecer, simplesmente ir. É cuidar, como um pai cuida de um filho, ou um filho cuida do pai. É dar tudo o que se tem a quem tão pouco tem. É dar-mo-nos a nós mesmos, inteiramente e sem reservas, a todo e qualquer ser humano que se cruze no nosso caminho. Ser voluntário é ser o pai, a mãe, o irmão, o amigo, de quem não o tem. Ser voluntário é proteger, é cuidar, é deixar-se tocar pela realidade envolvente. Mas, acima de tudo, ser voluntário, é ser, de coração para coração. Porque assim, percebemos que o dar-se é bem mais importante que o dar, e que ao nos entregarmos ao outro, sem medos e sem esperar nada em troca, recebemos muito mais do que aquilo que oferecemos. Ser voluntário é vir de coração cheio, deixando que aqueles que ajudamos, nos toquem e nos transformem com a força da fé. Aí, simplesmente bastam os sorrisos contagiantes, os olhares recheados de brilho, os "upa-me" incansáveis, as cócegas e moches que tanto soltam gargalhadas. E percebes que ser voluntário é a tua forma de vida, quando depois de tudo isto, as pessoas sentem-se seguras e tranquilas nos teus braços. A paz, a calma, a tranquilidade, a felicidade, fazem o click dentro de ti: ser voluntário é o que me faz feliz!

Comentários

  1. Que esta energia se mantenha e que continues a acreditar num MUNDO MELHOR.

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    1. Tem a minha promessa de que o farei até ao fim dos meus dias. Ninguém pode fazer tudo, mas todos podem fazer alguma coisa Raúl. (:

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  2. Fantástico Madrinha! :) Tenho muito orgulho em ti :D beijinhos

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