Tiago Ramos, 24 anos, Missionário Claretiano (CMF). Jovem missionário, apaixonado pela vida e pelo Evangelho. Tem como preocupações atuais a desvalorização do valor «família», a muita educação académica face à pouca educação cristã e, sobretudo, a pouca formação de consciência dos jovens (acredita-se muito na internet sem procurar a raiz do que se lê ou vê). Aceitou responder a algumas perguntas aqui para o blogue.
- Nascido em São Tomé, naquela ilha lindíssima no meio de África, como é que surge a fé na tua vida?
Essa é fácil! Felizmente sou filho das ilhas mais lindas do mundo, São Tomé e Príncipe (STP). E também por felicidade cresci em família de classe média (coisa cada vez mais rara por STP). A minha fé foi-me transmitida pela educação familiar, em primeiro lugar, e depois pela catequese. E, por ser eu de classe média, não concebia Deus numa terra onde eu tinha até o que lanchar e os meus colegas nem sequer tinham o que comer. Foi a primeira vez que questionei Deus. E foi como começou a minha caminhada.
- Tu vieste para Portugal para ingressar no seminário. O que é que te fez optar pelo seminário e pela vida consagrada.
O seminário foi consequência disso mesmo. Sempre quis entrar, mas nunca tive caras informações do que é o seminário. Pensava: "ir para uma casa e ficar fechado a rezar o dia todo não vai mudar o mundo." Não poderia estar mais errado! Optei pelo seminário e pela vida consagrada porque encontrei ali exatamente o que procurava: deixar transparecer pela minha vida, a pessoa de Jesus. E não houve maior e melhor missionário que Ele mesmo.
- Porquê a escolha de ser Missionário Claretiano?
Primeiro, porque os Claretianos sempre foram tudo o que conheci enquanto crescia. Depois, porque me identifico profundamente com o carisma claretiano. Ser missionário, anunciador do Evangelho e procurar por todos os meios a Glória de Deus e a salvação dos Homens. E claro, sem esquecer que somos Filhos do Coração de Maria. Como filho e irmão de Cristo, não há nada melhor do que imitar o irmão mais velho.
- Essa escolha levou-te ao lugar onde te encontras hoje. Estás a continuar os teus estudos em Granada, Espanha. Como é que se vive com uma constante adaptação a novos lugares e com a separação da família?
Na verdade, até sou sortudo no aspeto familiar e de adaptação. Como já referi anteriormente, ser de uma família de classe média permitiu-me viajar várias vezes acompanhado e sozinho, e passei muitos anos longe de casa.
Não digo que seja fácil adaptar-me, mas pelo tempo que levo fora de casa, já tenho alguma facilidade e menos resistências. A família não deixa de ser importante, mas quando se tem o apoio familiar para ser o que Deus te pede, tudo parece que flui naturalmente.

- No passado mês de Outubro fizeste os teus primeiros votos de castidade, pobreza e obediência. Foi uma decisão fácil de tomar ou refletiste muito bem antes de a tomar?
A decisão foi fácil, mas a reflexão levou muito tempo. Foram quatro anos antes de tomar a decisão e, nestes quatro anos, pude viver e experimentar o que é ser um missionário, ainda que não plenamente. O ano de noviciado foi decisivo. Por um ano, conheci pessoas, obras, vidas, testemunhos, ... senti-me espantado, pequeno, maravilhado mas, acima de tudo, identificado com o que vivi. Por isso, a profissão foi confirmar publicamente o SIM que já tinha dado a Cristo.
- Tu tens uma relação muito forte com a tua guitarra e com a música. De que forma é que a música te ajuda a viver e espalhar a fé?
Como diz o ditado, uma imagem vale mais do que mil palavras. Uma canção também pode mover mais que muitas palavras. Há muita coisa que separa o HOMEM. Clubismos, crenças, raças, regiões; ainda que isso não devesse ser assim.
Mas há coisas que nos unem e a música é uma delas. Quando passa boa música ainda que não seja o nosso "tipo" de música, paramos para ouvir. Muitas vezes, o que não se consegue dizer, pode-se cantar ou tocar. É a arte ao serviço da fé e é mais do que bem-vindo, é arte plena.
- Sentes que no meio de tanta deslocação e adaptação, a música e a guitarra são o teu porto seguro?
Definitivamente que sim. Há poucas seguranças quando se é missionário. A única que tenho é que Deus existe e está sempre comigo. A guitarra torna isso visível. Em oração e na guitarra estou firme. E a música alimenta-se de fé.
- Se, neste momento, te encontrasses com Deus, como é que achas que seria a conversa? O que dirias tu e o que te diria Ele?
O que Ele diria eu não sei, já que Ele surpreende sempre. Mas provavelmente pediria que alimentasse melhor a minha fé, que comesse mais da Palavra. Já eu vou-lhe dizendo muitas coisas durante o dia. Hoje dizer-lhe-ia que olhasse um pouco mais pela família.
- Já participaste em algumas atividades. Qual foi a que mais te marcou e porquê?

- Por fim, o que gostarias de dizer aos jovens que estão a ler a tua entrevista?
Hmmm...três coisas. Não se afastem de Cristo e ainda que sintam que ele não está lá, acreditem. Está! Formem-se, leiam bons livros, construam uma fé crítica e sólida. Sejam pacientes e humildes, os tempos de Deus não são os nossos.
Parabéns querido, que o Senhor te conceda Sabedoria, te fortaleça na fé a fim de prosseguires a tua caminhada, semeando o Amor, anunciando-O, como diz Santa Madalena de Canossa sobretudo "aonde Ele não é Amado porque não é conhecido". Quanto ao resto, certamente Ele proverá, força e coragem. Que o teu testemunho sirva de incentivo aos outros jovens pois "a messe é grande e os trabalhadores são poucos" bjs
ResponderEliminarOs meus parabéns pelas sábias palavras. Que Deus continue a te dar fortaleza para que consigas com muita fé ao destino escolhido. Grande Abraço
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